Cadernos Virtuais
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Ao longo de sua singular trajetória, a Zózima Trupe sempre buscou construir registros de seus processos e ações. Com o Toda Terça não é diferente: são quatro cadernos virtuais, com textos dos artistas-pesquisadores e relatos de artistas e grupos participantes.
A Zózima Trupe, ciente da singularidade e da relevância de sua pesquisa e as tantas ações desenvolvidas no Omnibus para todes, em ônibus de linhas regulares e também no Terminal Urbano Parque Dom Pedro II, adota como prática a produção de registros escritos e audiovisuais de suas atividades.
No caso do Toda Terça, há uma playlist no Play Bus, canal da Trupe no YouTube com mais de 35 vídeos das diversas edições do festival, e também a publicação de quatro CADERNOS VIRTUAIS, que contemplam as ações realizadas nas três primeiras edições (2014 à 2016) e na quinta (2021). Em todas elas, textos dos artistas-pesquisadores da Zózima Trupe, de pessoas convidadas e depoimentos de artistas e pesquisadores que participaram da programação. Desde a primeira revista, a Trupe escolheu dar nomes de plantas para estes cadernos.
Sobre a primeira edição do Toda Terça e suas ações de 2014, a Zózima Trupe publicou a Revista Goiabeira - "porque Goiabeiras brotam no Terminal Parque Dom Pedro II e transformam o ônibus em poesia".
Nela, além da programação do festival costurada por depoimentos de participantes - e muitas, muitas fotos! -, Tatiane Lustoza fala da Produção como movimento de pesquisa, apresentando um panorama das dificuldades e êxitos ao longo dos primeiros sete anos da Zózima Trupe. Participantes das Conversações, ligadas ao projeto Os minutos que se vão com o tempo, também compartilharam suas impressões sobre os encontros. Registros escritos e fotográficos da exposição multimídia que levou o mesmo nome da revista - Goiabeira - encerram a publicação, do mesmo modo que a ação finalizou o primeiro Toda Terça.
A revista que conta da segunda edição, em 2015, leva o nome de Jacareúba: "árvore que se adapta a terrenos onde outras espécies encontram dificuldade. Mesmo em terras pobres, pedregosas, rasas ou sujeitas às inundações, ela floresce".
Um texto de Anderson Maurício, que contém o trecho citado acima, sobre a escolha do ônibus urbano como espaço de feitio teatral pela Zózima Trupe, abre a edição. A revista também volta a abordar os números da pesquisa apresentada por Tatiane Lustoza na publicação anterior, atualizando-os e refletindo em torno deles. Mais uma vez, a programação é entremeada por registros fotográficos - Priscila Reis, artista-pesquisadora da Trupe, foi a fotógrafa oficial do Toda Terça em 2015 - e depoimentos de artistas participantes.
Há ainda a história de amor de Rafael Balseiro Zin e sua companheira Renata, narrada por ele, embalada por Cordel do amor sem fim, que integrou a programação no mês de maio. E o relato de Luciana Benatti, que apresentou a exposição Parto com amor e encerrou o Mês rosa com a conversa Parto com prazer: "Por um momento, acreditei que o terminal fosse na verdade um portal, possível de atravessar somente de ônibus. Que viagem!". Vale a leitura, assim como os textos de Rob Ashtofen, músico e pesquisador, sobre o Chaiss; de Claudia Barral, sobre a dramaturgia de Os minutos que se vão com o tempo; e de Lucas Lopes, sobre as possibilidades de intervenção urbana.
No ano seguinte, foi a vez da Revista Adenium Flor-das-Areias registrar as ações do Toda Terça de 2016. Como diz Anderson Maurício, "Adenium é flor d'onde num nasce quase nada, é rosa-do-deserto solitária e graciosa. É ser de canto nenhum, só tem lá. E lá brota flor uma vez ao ano. É de pouco pra dar saudade. Quando brota é festa, é comemoração, é raridade desmedida; quando brota é querência, é vastidão".
Leia a Revista Adenium Flor-das-Areias
É o coordenador-geral do festival que abre a publicação com um relato de experiência com uma passageira-espectadora presente na apresentação da cantora Ana Dutra. Pois "a poesia se faz presente pra dizer que é necessário acreditar, ter fé, ter brio para seguir confiando que tem tempo pra tudo; há de florir o humano e sua contradição e ela há de nos fazer compreender".
Na sequência, em Sobre jardins que florescem no asfalto, a então coordenadora de conteúdo da Zózima Trupe, Paula Venâncio faz uma bela apresentação da primeira década de trabalho do grupo. Depois, Leonardo Souza e Rui Alves, criadores da Cinefoto Colapso, falam sobre o registro audiovisual do Toda Terça - a parceria deles com a Zózima começou ali, em 2015, quando eles foram gravar a apresentação Poemas Jazzeados, e se frutificou.
A Revista Adenium Flor-das-Areias traz então a programação de 2016, mais uma vez acompanhada de fotos e depoimentos, como o do artista-gestor-educador Sérgio de Azevedo: "Trata-se de uma gota no oceano. Em meio ao vai e vem furioso e incessante, parece que a ação pouca diferença faz. Porém, para quem estava ali, o envolvimento era nítido."
Lá estão também os depoimentos de Flávia Teixeira e Marcela Sampaio sobre a primeira edição do MovaCidade, onde 50 pessoas selecionadas via chamamento público participaram de oficinas de formação artística e apresentaram suas criações em setembro daquele ano. Também, Tatiana Nunes, Cleide Amorim e Maria Rosa, artistas-pesquisadoras da Zózima, falam sobre a experiência de desenvolver uma apresentação no ônibus para apresentar no Toda Terça, o chamado Projeto de Autogestão proposto pela Trupe em 2016. É um texto de Cleide que encerra a publicação: um breve manifesto chamado É preciso festejar:
"é preciso festejar, ainda que a doença não cesse, que o dinheiro queime, que a dor enlouqueça
(...) é preciso festejar a vida, a oportunidade dos encontros, dos abraços e dos sorrisos...
é preciso!"
O quarto caderno virtual foi publicado no final de 2021: Lírios. "Neste dia ensolarado nascem lírios. Como um presente as flores que simbolizam o recomeço brotam entre os bancos dos ônibus, uma luz quente invade os corredores do espaço, aos poucos as pétalas e folhas de cada flor se abrem, todes param para observar. É o tempo sinalizando um novo ciclo".
Nele, participantes das três ações do Toda Terça naquele ano - Cantando no Busão, #VouDeBus e Embarcando com humor! - falam da experiência de estar no Omnibus para todes, mesmo diante de todas as circunstâncias, da pandemia, dos protocolos, e repletos de vontade e saudade dos encontros afetivos, calorosos, aglomerados.
Os três assistentes de produção da Zózima Trupe também assinam textos no caderno: Amanda Azevedo fala sobre o processo curatorial como uma forma de "proporcionar um respiro em meio ao caos"; Brenda Rebeka lembra que "cada banco, cada cortina, cada cantinho, possui memórias que contam muito da trajetória da Zózima"; e Jonathan Araujo finaliza a publicação falando sobre o retorno à possibilidades presenciais no trabalho com a cultura: "encerro com o coração feliz! Isso é um até breve".