Com encenação de Anderson Maurício e dramaturgia de Rudinei Borges, Dentro é lugar longe nasceu de uma pesquisa com duração de um ano, entre 2012 e 2013, que tinha como mote a aproximação dos conceitos de história oral, teatro e imaginário, teatro e espaço, teatro e cultura popular.

Nesse período, o grupo recebeu assessoria do Núcleo de Estudos em História Oral da Universidade de São Paulo (NEHO - USP). Contou também com a assessoria da diretora Eliana Monteiro (do Teatro da Vertigem), da pesquisadora Andrea Cavinato (doutora pela USP) e da Musicista Roberta Forte (pesquisadora em cultura popular).

Realizou debates com os pesquisadores Alexandre Mate, Helena Chamlian, José Simões, Sebastião Milaré e Sidnei Ferreira de Vares. No ir e vir do processo de criação, entre percalços e indagações, a Zózima Trupe encontrou na história de vida de seus próprios integrantes, artistas-pesquisadores, o caminho mais animador para realizar o diálogo com o público. 

A pré-estreia da peça foi exatamente no dia 1º DE MAIO, Dia do Trabalhador, com uma apresentação exclusiva para motoristas e cobradores de ônibus. A peça acontece em um ônibus em movimento e percorre o centro velho de São Paulo. O espetáculo conta com a atuação de Alessandra Della Santa, Junior Docini, Maria Alencar, Priscila Reis e Tatiane Lustoza. 

A tessitura dramatúrgica é perpassada, sobretudo, por memórias da infância dos narradores, em que lembranças de nascimento e morte são contadas compondo a metáfora da vida como estirada, estrada longa. A vida é desvelada como viagem, caminhada das distâncias, num itinerário em que malas vazias e abarrotadas são carregadas como presentificação de conquistas e de pelejas. 

A encenação em um ônibus em movimento, característica singular do grupo, potencializa a ideia de viagem, partida que ao mesmo tempo é chegada. E estes cruzamentos entre tempo e espaço são elementos fundamentais na pesquisa dos artistas-pesquisadores da Trupe, uma vez que o ônibus transporta uma força expressiva que também transporta outras forças expressivas.

Temporada no Terminal Parque Dom Pedro II (maio a junho/2013), com apresentações realizadas também nos Terminais de Ônibus Urbanos do Sacomã, Cidade Tiradentes e novamente no Parque Dom Pedro II (outubro a novembro/2017). Apresentou-se também no Sesc Araraquara (setembro/2015) e em festivais como o Festival de Artes Cênicas de Bragança Paulista (setembro/2013), Satyrianas (novembro/2013), Virada Cultural (junho/2015) e Feverestival (fevereiro/2017).

Prêmios 

2013 - Melhores do Teatro R7 – escolhido pelos internautas do R7 como o Melhor Espetáculo de 2013;

Críticas

“Em chave lírica, Dentro é lugar longe trata essencialmente do sentido de perda provocado pela morte em contraponto com o enfrentamento do risco como condição intrínseca à vida, ao menos quando vivida em sua plenitude.” (Beth Néspoli);

“Dentro é lugar longe (...) desperta o sentido da existência de cada um. Criar empatia a partir de histórias tão cotidianas talvez seja o grande charme desta peça não linear, em que a poesia é o filtro de toda a narrativa e o componente que costura a trama.” (Gislaine Gutierre - Folha de São Paulo);

“O contraste entre o texto delicadíssimo e a boca dentada da cidade é digno de nota” (Kil Abreu);

“Dentro é lugar longe é um roteiro eminentemente afetivo, filtrado pelo universo das emoções infantis que, como sabemos, ainda não são vulneráveis aos contratempos da existência adulta. Ou seja, a narrativa de eventos e reminiscências do passado emerge hoje envolva na bruma da sensibilidade, da espontaneidade, transfigurado. É uma espécie de fábula, na qual o importante é o que ela revela e ao mesmo tempo esconde ou dissimula”. (Edgar Olimpio de Souza – Revista Stravaganza).

Ficha técnica

Direção: Anderson Maurício

Dramaturgia: Rudinei Borges dos Santos

Elenco: Alessandra Della Santa, Junior Docini, Maria Alencar, Priscila Reis e Tatiane Lustoza