Essa foi uma das perguntas disparadoras do Re'abitar, projeto da Zózima Trupe que inaugurou o Laboratório Teatro em Nuvem do Sesc Carmo. Durante cinco semanas, entre agosto e setembro de 2020, os artistas-pesquisadores da Trupe compartilharam o processo criativo de uma nova obra, iniciada durante a pandemia e que segue em desenvolvimento. Entre a urgência do ímpeto criativo e as necessidades de seguir trabalhando, artistas de teatro seguem construindo seus caminhos no caminhar.

Um processo de criação compartilhado. Sete artistas-pesquisadores, três provocadores, dois dramaturgos e uma miríade de espectadores-participantes ao longo de uma série de ações espalhadas por pouco mais de um mês compõem o mosaico-cartografia do Silêncio das coisas quietas.

A dramaturgia de Cláudia Barral e Marcos Barbosa versa sobre impossibilidades. Seus personagens são espaços: o Bar, o Templo, o Teatro, o Parque, a Rua, o Rio e o Mirante. Como está sendo lidar com o vazio? é a pergunta feita a eles - que nos faz perceber que alguns lugares estão dentro de nós. Na troca com o público, em conversas-leituras e ensaios-aberturas, o texto ganha vida e as propostas experimentais vão sendo gestadas.

Ainda que o projeto tenha sido iniciado de forma remota, foram enormes as distâncias percorridas no imaginário. Periferias da metrópole, o Terminal Parque Dom Pedro II, longos trajetos cidade adentro e agora a sala virtual do Sesc Carmo no Microsoft Teams: a Zózima Trupe e seus integrantes estão acostumados ao deslocamento como potência criativa. Mas o tipo e o tempo deste deslocamento é outro.

Não mais a proximidade do ônibus e a lentidão do trânsito na cidade cinza. Agora, a velocidade é a das redes e entre o olho no olho há uma câmera e uma tela. Criar virtualmente em si já apresenta seus desafios particulares. Nesta primeira etapa do Re'abitar, dentro do Laboratório Teatro em Nuvem, o trabalho da Zózima carregou consigo um passo além: não apenas criar, mas compartilhar a criação - o que se torna, em certa medida, um criar junto.

O Silêncio das coisas quietas, dramaturgia de Cláudia Barral e Marcos Barbosa se estrutura em sete monólogos onde um entrevistador invisível - o Ar - faz perguntas aos personagens, espaços vazios da metrópole em meio à pandemia, que revelam facetas pouco conhecidas de lugares tão frequentados. Ao ganhar voz, estabelecem relações entre si e falam de fluxos; de carências e plenitudes.

ficha técnica

artistas-pesquisadores _ Anderson Maurício, Cleide Amorim, Junior Docini, Maria Rosa, Priscila Reis, Tatiane Lustoza e Tatiana Nunes

direção _ Anderson Maurício

dramaturgia _ Cláudia Barral e Marcos Barbosa

crítico e editor _ amilton de azevedo

videoartista _ Leonardo Souzza

direção sonora e provocador convidado _ Gregory Slivar

direção de arte e provocadora convidada _ Nathália Campos

provocador convidado _ Eduardo Pizarro

iluminação _ Tomate Saraiva

produção geral _ Tatiane Lustoza

assistente de produção _ Amanda Azevedo e Jonathan Araújo

concepção e produção _ Zózima Trupe

realização _ Sesc Carmo